domingo, 15 de maio de 2011

Rebelde' prioriza tramas jovens e audiência cresce na Record

ImagemAssim que estreou, Rebelde parecia uma novela perdida entre dois mundos que teimavam em não se encontrar. De um lado, conflitos adolescentes recheados de sequências de aventura e cenas românticas. De outro, atores experientes defendendo personagens adultos que pouco se justificavam na trama. Agora, depois de quase dois meses de exibição, o segundo fruto da parceria entre a Record e a Televisa parece ter se encontrado. E isso se reflete em sua audiência, que começou em nove pontos de média e já chegou aos dois dígitos esperados. Está praticamente estabilizada em 12 pontos, um número maior que a média geral de Ribeirão do Tempo, último folhetim da emissora no horário nobre, que fechou com 11 pontos.

O mérito começa pelo amadurecimento do elenco jovem. Vê-se que a longa preparação dos seis protagonistas funcionou. Atualmente, é difícil encontrar deslizes nas atuações que não sejam superados pelas características individuais de cada um deles. Lua Blanco e Arthur Aguiar, por exemplo, são os mais seguros. Na pele dos revoltados Roberta e Diego, ambos se mostram à vontade tanto nas cenas de briga quanto nos encontros musicais no porão. Sophia Abrahão e Micael Borges conseguiram encontrar a química que ficou ausente no primeiro casal concreto que se formou na trama. Sophia transformou a esnobe Alice em uma estudante sensível e disposta a assumir o amor pelo pobretão Pedro, de Micael. E ele, com exceção das sequências em que repete exaustivamente que Franco, de Luciano Szafir, foi o responsável pela morte de seu pai, encontrou o tom heroico que o personagem demanda.

Nem só de protagonistas vive uma boa novela. Mesmo quando estes estão em número abundante. Sylvio Meanda, intérprete do reclamão Pingo, já é uma grata surpresa no folhetim. O personagem é um dos mais carismáticos do núcleo adulto. Outros atores que circulam pelas cenas no fictício colégio Elite Way se destacam. Caso de Eduardo Pires, Lisandra Paredes e Cristina Mullins, por exemplo. Isso sem falar no estreante em novelas Bernardo Falcone. O ator convence facilmente como um adolescente de 17 anos, 10 a menos que sua idade real. E não demora muito, é provável que seja aproveitado também na banda, já que tem experiência com música. Inclusive na TV, no Disney Channel e no reality HSM - A Seleção, que definiu os protagonistas para a versão brasileira do filme High School Musical.

Mas há assuntos que, a julgar pelo que era prometido no lançamento da história, ficaram a desejar. A discussão sobre anorexia e bulimia não é novidade, mas tinha tudo para emplacar. Só que o drama vivido pela exuberante Carla, de Mel Fronckowiak, se transformou quase em uma piada dos amigos, que já chegaram a rir ao ouvir que ela estava sem fome. O mesmo acontece com a obesidade do cômico Pingo. O personagem aparece quase sempre esfomeado ou comendo. E pouco se fala sobre seu excesso de peso. O alcoolismo na adolescência até chegou a ser discutido. Mas um debate bem aquém do que um tema tão sério quanto esse merece. Margareth Boury tem bons temas para discussões e espaço para desenvolvê-los. Mesmo diante das rígidas regras de classificação indicativa, é possível abordar causas, consequências e meios de combate e prevenção de distúrbios como esses. E o principal: sem didatismos cansativos.

Um comentário: